quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Temos uma artista em casa!!!

A Luiza fez um curso de pintura durante a semana passada, chamado Adventures in Art.
O Rafa catalogou os trabalhos feitos, e eu gostaria de compartilhar com vocês! Segue o link:

O verão daqui é mais quente...

Eu já havia noticiado o quão quente é esta terra. No entanto, há cerca de um mês atrás, eu ignorava por completo o fato de que o calor ainda não havia se apresentado por completo...
Andávamos às voltas dos 38 graus Celsius. Agora, no entanto, a conversa é diferente... Nada mais, nada menos, do que 45 graus para o chá das cinco!!!



Os termômetros oficiais trazem algo em torno de 43 graus, mas o que temos aqui em casa denuncia que a temperatura vai além, e confesso que isso não tem sido nada agradável...

Na verdade, o forninho lá fora também traz suas vantagens... ontem eu precisava descongelar um pão ciabata para o jantar. Deixei o dito cujo por 30 minutos do lado de fora da porta, e em trinta minutinhos tínhamos pão quentinho à mesa, sem endurecer no micro-ondas. Isso foi o máximo!!!

sábado, 9 de julho de 2011

Fotos tiradas em homenagem ao Fabio Lazzarotto!

Olhem que carro lindo que vimos estacionado em uma rua de Austin - TX! Eu imediatamente disse ao Rafa: "Tira uma foto  e manda pro Fabio"!



A propósito, nesta rua, vimos as tais das "irmandades", que são casas de estudantes que vemos nos filmes,  mas que existem de verdade!!!



Verão texano

O verão aqui parece o inferno. A temperatura é medida em Farenheit, o que faz parecer ainda pior... Hoje fez 110º F.
Eu aprendi na escola que a 100º C a água ferve. Então... O fator psicológico também influi.
Para espantar o calor, só tem um jeito: muito ar condicionado durante o dia, e banhos de piscina, mangueira, lagoa e sprinkler quando o sol baixa (depois das 8 da noite).
Seguem abaixo fotinhos desses recursos:




Estes banhos de mangueira aconteceram na semana passada, durante um churrasco que fizemos aqui em casa para uns amigos.
Detalhe da última foto: a Luiza molhou completamente o Dave - um dos donos da empresa em que o Rafa trabalha!!!! Ele foi embora com uma roupa do Rafa, e as crianças que aparecem nas fotos, que ainda usam fraldas, foram com roupas da Luiza!

Foi de improviso e muiiiito divertido!!! Ele adorou!!!! Ufa, ainda bem!

Perdi tudo o que escrevi

Queridos amigos!

Passei horas escrevendo sobre a nossa viagem a Austin e San Antonio... postei fotos, escrevi sobre a história... caprichei... quando menos esperava, fiz alguma coisa errada aqui e perdi tudo...

Agora estou desanimada.... vou me recompor e recomeço amanhã.

Perdoem meu amadorismo, mas não basta ser esposa de nerd pra ficar boa como ele, neh?

Estou com muitas saudades de todos vocês, e espero que o mês passe rápido para que possamos nos encontrar!!!

Mil beijos saudosos!!!

quinta-feira, 9 de junho de 2011

NOTÍCIAS!!!

É verdade que tenho estado ausente. E é mais verdade ainda o fato de que a vida por aqui não parou, ou seja, os acontecimentos se acumularam, e não sei se darei conta de colocá-los a par de tudo...

Comecemos pelos mais recentes: sexta-feira passada a Luiza terminou o ano escolar, e passou para a 5. série.As aulas iniciarão dia 22 de agosto, mas durante o mês de junho ela frequentará a escola de verão para melhorar o seu inglês. Então, férias mesmo, somente a partir de julho.

Eu finalmente iniciei as minhas aulas de inglês!!! Elas começaram nesta segunda-feira. A professora é uma senhnora bastante altiva, o que gerou em mim uma certa antipatia no início. No entanto, passadas quatro aulas, estou aprendendo a entendê-la melhor, e gostando bastante das aulas! A competência dela suplanta qualquer outro defeito... afinal, estou lá para aprender, e não para ficar amiga da professora!!!

Aliás, este é um problema todo meu, pois eu tenho muita dificuldade em me entregar a um projeto, se não estiver em sintonia com as pessoas envolvidas. Este meu humanismo exacerbado me prejudica bastante, e isso fica ainda mais evidente em se tratando de um povo que não demonstra os sentimentos, como os americanos, onde se inclui a professora!!!

Bem, deixemos isso para ser resolvido na cadeira do psiquiatra!!! Aliás, sigo firme e forte com a terapia - por skipe!!! A única diferença é que não sento na cadeira dela, e sim na minha. De resto, tudo funciona perfeitamente, com a vantagem de eu não precisar me agitar no trânsito caótico de Porto Alegre para chegar no horário da consulta, e nem pagar o carésimo estacionamento do prédio da Dra. Nora!!! Pensando bem, talvez eu vire 'case' de estudo nas rodas médicas por isso...

Outro acontecimento importante, foi a passagem dos tornados muito perto da nossa casa, duas semanas atrás. Foi a terceira vez que as sirenes de alerta foram acionadas, mas esta realmente nos assustou. Pelos mapas do tempo que víamos na TV ou na internet, a região crítica se concentrava em nosso bairro. Para piorar a situação, eu estava fora de casa, no aniversário da Katie, uma amiga americana, esposa de um colega do Rafa.

Fiquei presa no restaurante sem poder voltar pra casa, e o Rafa e a Luiza tiveram que jantar no banheiro naquela noite... Enquanto comemorávamos o aniversário, eu percebia as faces preocupadas das mulheres que estão mais do que habituadas a situações como esta, e isso realmente me apavorou, fazendo com que eu pedisse mais e mais vinho, apesar de ter uma estrada a enfrentar na volta para casa (me perdoem as regras de trânsito, mas eu as infringi!). Para que tenham uma idéia, imaginem o céu ficar verde - um cinza chumbo esverdeado... esta é a cor do tempo enquanto se prepara para a chegada de um tornado... é assustador.

Semana passada eu dei folga de mim mesma para o Rafa e para a Luiza, e passei três dias na casa da minha cunhada Carol, no Iowa. Ela andava doentinha, e eu fui lá lhe fazer companhia. Tivemos excelentes tardes de longas conversas, muita TV (matei a saudade de assistir a Globo - especialmente o Jornal Nacional), e deliciosas refeições. Acabou sendo um excelente programa, pena que foi rápido. A propósito, ela já está melhor!

Por fim, mas não menos importante: SOLTAMOS OS BUNNIES (COELHOS)! Os pobrezinhos estavam num ponto que já davam cabeçadas no teto da sua casinha durante a noite, tamanho o desespero pela liberdade.

Com muita dor no coração, tomamos coragem, esperamos um dia sem tempestades, e os soltamos no nosso pátio. Aquele que apelidamos de "Fujão" honrou o seu nome e foi o primeiro a ganhar as ruas, sem nem se despedir.

Já o "Gordinho" ficou encantado com as pilhas de alface que colocamos ao seu alcance - na tentativa desesperada de compeli-los a ficar - e por algumas horas se manteve sob nosso domínio. No entanto, bastou terminar a comida para que ele também tomasse o seu rumo...

Ficamos felizes pela missão cumprida, mas com dor no coração por ver os filhotes partirem. Nós os amamentamos desde os seus primeiros dias de vida, e acabamos por nos sentir, de alguma forma, responsáveis por eles. Até hoje nós os chamamos de "nossos" bunnies, tamanha a possessão!

Eles foram libertados, mas nos visitam sempre, e isso é muito compensador. É claro que temos diversos atrativos espalhados pelo pátio: cenouras, alfaces e cereais apropriados, os quais garantem a vinda dos bichinhos. Mas o melhor de tudo é que, quando estou com bastante paciência, me disponho a ficar sentada paradinha ao lado deles, até conseguir pegá-los no colo!!! Eu pego, acaricio, examino, coloco pomada onde há algum machucado, dou leite e comidinhas pra eles... depois os deixo ir! Eles aceitam o carinho e não se mostram tão arredios como normalmente são os de sua espécie. Pelo menos, não conosco!!!

E assim a vida continua e segue sua rotina... sem empregada, sem roupa passada, sem suco verde de mãe, sem colo da tia, sem voz amiga das primas, sem happy hour com as amigas, sem manicure...

Tudo faz muita falta!

Mas o que importa é que estamos indo em frente com o nosso projeto, vendo todos progredirem, todos melhorarem , e todos lutarem pelo bem estar uns dos outros, apesar das dificuldades no caminho. E este é o mais puro e verdadeiro conceito de família, não é?!?



segunda-feira, 16 de maio de 2011

Rachel's Challenge

Vocês lembram do massacre ocorrido em 20 de abril de 1999 em uma escola americana, onde dois alunos munidos de armas e explosivos mataram 12 colegas?

Eu já não tinha mais a história tão presente na memória. Lembrava vagamente do ocorrido. No entanto, descobri que aqui nos Eua esta terrível lembrança ainda faz parte da vida das pessoas. 
Através da escola da Luiza, fomos informados de que haveria um evento chamado Rachel's Challenge, no Pizza Hut Park. Abaixo a Luiza e o Rafa na entrada do estádio!!!



Rachel foi a primeira vítima dos dois executores do massacre ocorrido na cafeteria da Columbine High School. Dizem os relatos que, após sofrer o primeiro tiro, um dos rapazes perguntou a Rachel se ela negaria o nome de Jesus em troca de clemência. Diante da pronta negativa, eles teriam então dispsrado o segundo tiro - agora fatal - diretamente em sua cabeça.

Além de Rachel, mais dez colegas e um professor foram mortos. Após a tragédia, os dois alunos autores do massacre cometeram suicídio. Dezenas de pessoas ficaram feridas física e emocionalmente. Um destes sobreviventes foi o irmão de Rachel, que a tudo assistiu, inclusive a execução da irmã.

Hoje, o pai e o irmão de Rachel possuem uma organização que atua nas escolas de todos os Estados Unidos, de parte da Europa e da América Latina.

O trabalho deles consiste em levar o "Desafio de Rachel" à conscientização dos jovens sobre a importância da gentileza, do respeito e da aceitação para o bom funcionamento das relações humanas.

Através de estudantes voluntários que são treinados pessoalmente pelo pai de Rachel, são instituídos programas para melhorar as relações entre os jovens, numa atmosfera de cooperação mútua, no afã de afastar por completo o bulling nas escolas, o que, acredita-se, ter sido o causador da revolta dos jovens que os levou à tamanha barbárie.

Paralelo a isso, eles divulgam o movimento através de um "rallye" que viaja por todo o país fazendo as devidas e merecidas apresentações à causa.

Nesta que fomos, participaram as escolas elementares de todo o norte da região de Dallas. Cada escola carregava imensos colares feitos em papel, simbolizando os elos que, unidos, dão o devido significado e força ao movimento.

Abaixo a Luiza entrando no estádio, orgulhosamente fazendo a parte dela:




O telão mostrava os alunos que estavam, naquele momento, entrando no estádio.



Foi uma festa e tanto! Muito mais uma celebração à vida que existe e que ainda existirá, do que um choro sobre o leite que infelizmente foi derramado.


A Lu se destaca em vermelho não apenas por ser colorada (brincadeira!), mas porque as camisetas tinham sido vendidas dias antes de chegarmos aos Eua. Não sei ainda se ela ou eu fomos avisadas sobre a cor azul. Possivelmente tenhamos sido mas não entendemos, o que tem sido bastante comum na nossa rotina, nos fazendo exercitar a nossa paciência conosco mesmas!.

No entanto, a cor oposta ao movimento não impediu que a Luiza participasse e se integrasse a todos os demais estudantes naquele estádio. Ela foi respeitada e aceita mesmo sendo diferente. Acho que esse era mesmo o espírito da noite!!!

Foi um verdadeiro show!!! Show de civilidade, de competência e de amor. Houve momentos tristes, lembrando do episódio, mas houve mais momentos bacanas e realmente divertidos. Vídeos mostraram o trabalho sendo realizado nas escolas, depoimentos de alunos que se integraram à causa, shows de cheerleaders, palestra do pai e do irmão da Rachel, e até mesmo a presença do prefeito de Frisco, abrilhantaram a noite.

Naquele momento eu agradeci muito por estar ali, e principalmente pela Luiza estar tendo a oportunidade de aprender sobre tudo isso.

Torço para que novos ventos soprem e para que episódios como esse - que infelizmente se repetiu no Brasil recentemente - não voltem a ocorrer.

Que este movimento tome forma e que se alastre pelo mundo. Que nossas crianças sejam ensinadas também em casa sobre como se comportar, sobre o certo e o errado. Que elas saibam que não é certo ridicularizar um colega, por mais banal que isso possa parecer. E que elas aprendam isso com seus pais, em casa, onde deve estar a base da educação.

Que os futuros pais e mães tenham a consciência de que, a partir do nascimento de seus filhos, terão de repensar dezenas de vezes as suas ações. Que TUDO o que elas fizerem ou se omitirem servirá de exemplo e será repetido pelos filhos. Que uma simples mentirinha 'branca' poderá servir de álibi para que seu filho justifique as suas primeiras transgressões. Que não basta criar, tem que educar. Que educar é tarefa árdua de todos os dias, e que isso implica em deixar de lado os próprios projetos, os próprios desejos, os próprios caprichos. Que educar sem amor toma a forma de castigo. Que é preciso dosar, não perder o bom senso e nem a fé. E que se isso acontecer, que seja só por um segundo, trancado no escuro no fundo do banheiro, para que as suas frustrações e desejos não sejam despejados em cima de seus filhos. 

Pra quem quiser saber um pouco mais sobre o Rachel's Challenge, sugiro o link http://www.youtube.com/watch?v=-rmm_-gnU3Y&feature=related

Festa dos anos 50!

Há alguns dias fomos na festa Anos 50, organizada na escola da Lu!
Olhem que graça as meninas na foto abaixo! Estavam todas caracterizadas com algo que lembrasse a época. Nós improvisamos com o que tínhamos, e a Lu não ficou pra trás!




As brincadeiras giravam em torno dos bambolês, das danças e da música. Tudo muito divertido.

Tinha cachorro quente, doritos, um tipo de peru assado, refrigerante e algodão doce!!!! Aproveitamos bastante!





domingo, 8 de maio de 2011

Feliz dia das Mães!!!!

Aqui nos Eua também estamos comemorando o Dia das Mães. Que bom que esta data é universal... Não digo isso apenas por preencher o requisito de já ter parido, e assim me colocar na condição especial de ser mimada neste dia... e olha que realmente fui! Mas pelo fato de que as mães ocuparam e ocupam um lugar especial na história, e de alguma forma ou outra, influenciam o curso da vida.

Seja na mitologia grega através da Jocasta, que nos ensinou sobre  o complexo de Édipo, seja pelo exemplo da Maria, mãe de Jesus, um modelo que nossa cultura segue de sempre proteger a sua cria, mesmo que esta já tenha chegado aos 33 anos de idade... Seja a mãe italiana, a judia, a muçulmana ou a norte americana com suas pencas de filhos.. Com maior ou menor poder na sua casta, todas exercem imensa influência, não se pode negar.

A verdade é que, seja preto ou branco, velho ou moço, importante ou não, todos um dia tiveram mãe.
Até mesmo o Osama Bin Laden teve, coitada...

Recentemente tive o exemplo vivo sobre a falta de uma mãe para as suas crias: os coelhinhos que estamos criando não têm a mesma vida livre cheia de diversão e oportunidades nos campos que os demais usualmente possuem, pois não têm a mãe por perto que os proteja nestas aventuras.

A verdade é que mãe, na medida certa, faz muito bem obrigada.

Ela acaba se tornando pejudicial quando extrapola a dose, quando resolve exceder os deveres e direitos sobre a sua criação, não deixando que o filho crie asas e alce o seu vôo.

Por isso, aqui vai a transcrição de um texto que acabei de receber de uma grande amiga, falando com propriedade sobre isso.

Aproveito e deixo a minha homenagem as todas as mães, em especial à minha, que segura a onda da saudade todos os dias, já que tem duas filhas e todos os netos longe!

MÃE DESNECESSÁRIA
(Márcia Nader)
A boa mãe é aquela que vai se tornando desnecessária com o passar do tempo. Várias vezes ouvi de uma amigo psicanalista essa frase, e ela sempre me soou estranha, até agora. Agora que a minha filha adolescente, aos quase 18 anos, começa a dar voos-solo. Chegou a hora de reprimir de vez o impulso natural materno de querer colocar a cria embaixo da asa, protegida de todos os erros, tristezas e perigos. Uma batalha interna hercúlea, confesso. Quando começo a esmorecer na luta para controlar a super-mãe, que todas temos dentro de nós, lembro logo da frase, hoje absolutamente clara. Se eu fiz o meu trabalho direito, tenho que me tornar desnecessária.
Antes que alguma mãe apressada venha me acusar de desamor, preciso explicar o que isso significa. Ser desnecessária é não deixar que o amor incondicional de mãe, que sempre existirá, provoque vício e dependência nos filhos, como uma droga, a ponto de eles não conseguirem ser autônomos, confiantes e independentes.
Prontos para traçar seu rumo, fazer suas escolhas, superar suas frustrações e cometer os próprios erros. A cada fase da vida, vamos cortando e refazendo o cordão umbilical. A cada nova fase, uma nova perda e um novo ganho para os dois lados, mãe e filho. Porque o amor é um processo de libertação permanente e esse vínculo não para de se transformar ao longo da vida, até o dia em que os filhos se tornam adultos, constituem a própria família e recomeça o ciclo. O que eles precisam é ter certeza de que estamos lá, firmes, na concordância e na divergência, no sucesso ou no fracasso, com o peito aberto para o aconchego, o abraço apertado, o conforto nas horas difíceis. Pai e mãe solidários criam os filhos para serem livres. Esse é o maior desafio e a principal missão. Ao aprendermos a ser desnecessários, nos transformamos em porto seguro para quando eles decidirem atracar.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

É da vida...

Não falei mais dos coelhos... Bem mais crescidos, eles passavam fugindo da caixinha durante a noite, o que transformava a nossa vida em uma corrida atrás deles quando acordávamos. Herdei vários arranhões e hematomas por conta dos encontrões nos móveis que levei. É incrível o quão rápido eles são! Nem a Salette escapou do exercício, e passou a madrugada da Páscoa numa verdadeira caça aos bunnies. Diante da nova realidade, o Rafa e a Luiza montaram uma cerquinha no nosso jardim dos fundos, e lá os colocamos. Eles amaram comer a grama!!! Ficaram bem mais felizes na nova morada.

Deixamos a caixinha do cachorro que veio com eles pra que se abrigassem do frio à noite, e roubei a capa do grill do Rafa pra protegê-los das águias e dos falcões (conselho do filho do vizinho), o que não deixou o Rafa muito satisfeito, mas ele acabou por resignar-se em prol da segurança dos bichinhos.

Como os coelhos crescem muito rápido, aos poucos vamos preparando a Luiza para o fato de que em breve eles seguirão o caminho deles, e que assim tem que ser, pois é uma condição dos animais selvagens.

E não é que no sábado, neste clima de 'deixar ir', percebemos uma movimentação estranha na grama do jardim... uma coelha fez uma toca e ali deixou três novos coelhinhos recém nascidos!!!

Foi uma festa! Vimos a coelha amamentando-os, e ficamos impressionados com o enorme esforço que ela deve ter feito pra organizar o seu novo lar. Fez um trabalho incrível por lá... e o Rafa foi impedido de cortar a grama para não importunar a nova família.

Bem, passei a alimentar também a coelha mãe.. Acho que sou a maior compradora de cenouras do supermercado!

Pois é, tudo ia na maior normalidade, até ontem, domingo. Após o meio dia, fui espiar os coelhos no cercadinho, e vi um deles deitado, bem molinho... estava desmaiado, quase morto, com o corpo gelado. Não sabemos se foi hipotermia devido a queda de temperatura que ocorreu, ou se foi algum tipo de doença... Só sei que aquecemos o bichinho, empurramos algumas gotas de leite goela abaixo, trouxemos os três pra dentro de casa novamente... Passamos a tarde envolvidos com o tratamento daquele que sempre foi o mais lendo, o mais difícil de amamentar, ou seja, o que já nasceu desobedecendo a lei do mais forte.

Ao final do dia ele já estava mamando com vontade, e não parecia mais o coelhinho apático de antes. Chegamos a comemorar a conquista!

Duas horas mais tarde, encontrei o pequeninho morto na caixinha. Foi um choque... ficamos incrédulos...
Quanto à Luiza, nem preciso comentar... reviveu a sensação de perda, chorou muito. Eu fiquei realmente chateada, e agradeci a Deus por ter o Rafael ao meu lado, que segurou as nossas pontas.
Com o sentimento de que basta estar vivo para morrer, terminamos o domingo bem mais fragilizados, nos sentindo bem mais impotentes, e valorizando mais e mais cada minuto que nos é dado.

Os dois irmãos seguem aqui dentro de casa agora, enquanto o frio não passa. Eles ficaram muito assustados com o ocorrido, tanto que nem fugiram à noite!

A Luiza entendeu e elaborou a morte do mais fraquinho. Hoje pela manhã ela a descreveu como uma "renovação". Quando a questionei sobre o que me disse, ela explicou que agora aquele que era doentinho não tem mais frio, nem dor, e que encontrou a mãe dele no céu. Ela complementou dizendo que, quanto a nós, recebemos uma nova família no jardim, renovando assim os sentimentos  e acabando de vez com a tristeza.

A segunda-feira passou, os dois coelhinhos sobreviventes estão bem comilões e sapecas novamente, e nós retomamos a rotina normalmente.

Nada como a sabedoria infantil que nos ensina a levantar, sacodir a poeira e dar a volta por cima, não é?

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Comments

A semana passou toda nublada, muito ventosa, e com muitos alertas de tornado. Os avisos soam através de sirenes nas ruas, no rádio, internet ou na TV (a programação é interrompida por uma faixa vermelha destacando a 'tunderstorm', e o risco de tornado, se houver. Eles descrevem a intensidade dos ventos que virão, a quantidade de chuva que cairá, e o horário previsto). Nada aqui acontece sem dar aviso prévio, é impressionante.
Felizmente, a nossa região não foi tão afetada, como aconteceu no Alabama. Não recebemos a indesejosa visita de nenhum tornado, somente tempestades ventosas com chuva de granizo.
Alguns galhos de árvores pelo caminho, algumas casas com as cercas levadas, mas nada que nos tire da tradicional rotina.
Estamos bem e a salvo, e agradecemos a preocupação de todos vocês, manifestadas das mais diversas formas.
Por aqui primavera é tempo de tempestades mesmo, não há o que fazer.
Na hipótese de algum tornado chegar, já fomos orientados a ficar no banheiro da Luiza, que fica na parte mais central da casa, não possui abertura pra rua, e tem as paredes mais firmes pela presença dos canos... espero não ter que passar por isso!!!

domingo, 24 de abril de 2011

Mais uma semana na terra do Tio Sam

A semana que passou foi um pouco mais difícil... Tive uma crise da coluna cervical, por culpa do aspirador de pó, imagino.

Primeiro busquei ajuda em uma clínica de shiatsu. Fui atendida por uma japonesa que falava inglês pior do que eu, inviabilizando por completo a comunicação. Esta moça me triturou com toda a sua força e me deixou ainda pior.

No dia seguinte, peregrinamos pelas clínicas de urgência, e foi aí que a dor piorou, pois nenhuma aceitou o nosso seguro saúde internacional - e olha que fizemos um dos melhores - o Isis.
Na verdade, descobrimos que nenhum seguro saúde internacional é aceito aqui nos Eua. É necessário pagar por consultas, exames, remédios, tudo... e depois descobrir se seremos ressarcidos quando estivermos no Brasil. Aí prometo postar novamente com todas as informações.
Os remédios foram fazendo efeito, e eu fui melhorando aos poucos.

Nesse ínterim, comecei a frequentar as aulas de ESL (english as a second language) que são oferecidas gratuitamente pela prefeitura municipal a adultos imigrantes que não falam inglês, e ocorrem sempre nas terças e quartas-feiras.

Além de mim, haviam mexicanos (em grande maioria), iranianos, bolivianos e tailandeses.
Muitos vivem aqui há mais de dez, vinte anos, e falam muito mal o inglês. Deu pra perceber que eles vivem separados, em guetos, de forma que não absorvem a outra cultura, tampouco o idioma. Tive a sorte (ou azar), de iniciar o curso no dia do aniversário da professora (que fez 84 anos e está inteiríssima), quando então os alunos organizam uma festinha. Cada um levou um prato, e pude saborear diversas culinárias, sendo a mexicana a preponderante.
As comidas estavam maravilhosas, principalmente o arroz tailandês. De sobremesa, um maravilhoso bolo feito com casca de laranja e sorvete à vontade. De lembrancinha, ganhei um ovo de páscoa!

Quanto à aula, que aula? Vou voltar lá na próxima terça pra medir a temperatura, mas já percebi que terei que frequentar outra escola em paralelo se eu realmente quiser ter fluência, e isso eu realmente quero!

A seguir seguem algumas fotos da nossa casa, como eu havia prometido. Estamos sempre evoluindo em relação à mobília, mas ainda há muito a ser feito!!!








Abaixo, o nosso pátio dos fundos, onde colocamos comida para esquilos (que acaba sendo devorada pelos coelhos). Eles entram sorrateiramente, e tentam sempre levar embora a comida pelo buraco de baixo da cerca, por isso ela já é vendida com uma corrente, pra ficar presa!







A primeira plantação (minha e da Lu), foi o canteirinho de flores em volta da árvore que fica no quintal da frente da casa.
Estou repensando se vou fazer ou não a horta, pois já tenho trabalho braçal de sobra. E as hortaliças estão todas disponíveis nas prateleiras do Wall Mart, bem limpinhas, prontas pro consumo... A gente acaba se rendendo à praticidade da vida americana!


sábado, 16 de abril de 2011

A nossa primeira visita

Desde antes de deixarmos o Brasil, estava acertada a chegada da Salette - minha sogra - para o dia 16 de abril, ou seja, HOJE!!! Foi dito e declarado a todos que ela seria a nossa primeira visita.

Mas como em terras estrangeiras não se pode ter certeza absoluta de nada, essa verdade foi alterada...
Fomos premiados com a chegada ilustre de três novos hóspedes, que estão temporariamente morando na sala de TV da nossa casa, e seguem em primeira mão:

São três filhotinhos de coelho que foram encontrados pelas crianças do bairro, deitados ao lado da mãe, que estava morta.
Mas pra contar essa história, preciso mencionar que os coelhinhos nos foram trazidos pelas mãos de seis crianças, das quais apenas uma nós conhecíamos.
Por volta das cinco da tarde de ontem, eles bateram aqui em casa, esbaforidos, falando nervosamente rápido com o típico sotaque texano dificílimo de entender, que conseguia ficar ainda pior diante da situação de ansiedade.
Aos trancos e barrancos consegui descobrir que dentro da caixa que carregavam havia filhotinhos, mas demorei para decifrar do eram as crias... Nunca imaginei que filhotes de coelhos pudessem ser tão minúsculos...
Como se não bastasse, eles trouxeram também uma cadela em uma coleira improvisada com um cadarço de tênis cor de rosa.
Pra resumir, eles estavam procurando um lar para os quatro órfãos que arrecadaram no dia, e posso  imaginar o que os fez virem direto pra cá: no nosso quintal tem bebida pra beija-flor, comida pra passarinho, pra coelho e esquilo. Não deve ter sido difícil presumir que aqui encontrariam um lar que os acolhesse.
Passamos o resto da tarde e boa parte da noite abrigando a todos eles. A cadela se chama Sunshine e é uma graça. Ela é branca de médio porte, uma vira-lata muito esperta. Dá pra perceber que se perdeu do dono, pois se mostrou habituada a estar entre humanos, é muito bem educada, e tem grande interesse por sentar em sofás, o que deixou a mim e ao Rafa um pouco apreensivos, pois a mobília tem poucos dias, ainda nem foi paga, somado ao fato de eu passei o dia todo limpando a casa pra economizar os cem dólares da faxina.
A função dos pets somente terminou às dez horas da noite, quando a mãe da Louren veio buscá-la (não sem antes me ligar pra saber sobre o horário, e se a menina poderia jantar conosco!!!! Eu quase morri de contentamento ao ouvir isso, pois nunca imaginei tanta espontaneidade num primeiro contato!).
Ela também levou a Sunshine, com o firme propósito de que seria somente para passar a noite, e de que no dia seguinte a levaria para um abrigo (todavia, hoje ela já estava rendida aos encantos da bichinha, e decidiu ficar com a moça).
Nós ficamos com os três órfãos roedores. Apesar da trabalheira em ter que alimentá-los com um leite especial de cabra em uma seringa, tenho que admitir que a movimentação trazida pelos bichinhos a nossa casa foi recompensadora.
De uma hora pra outra, a Luiza fez seis novos amigos. Todos moram aqui por perto, e serão a sua companhia no verão, quando as aulas terminarem.
Hoje esta casa ficou tumultuada de tanto entra e sai de crianças, e tenho certeza de que amanhã não será diferente. A função rendeu convite à Lu para uma guerra com armas de água em uma casa no final da rua, e no final da tarde ela foi patinar com a mãe da Louren, a qual já foi a quarta melhor do mundo na modalidade, e tem demonstrado interesse em ensinar o que sabe à Luiza!!!
De qualquer forma, quero registrar que os novos hóspedes não tiraram a atenção nem o brilho que merece a chegada da Salette. Hoje jantamos com uma deliciosa sopa de legumes que ela preparou, regada a um espumante californiano que, confesso, perde feio para os nossos de Bento!

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Algumas fotos

Amigos queridos,

Já estamos com saudades de guaraná, e por isso posto a foto que o Rafael fez de mim e da Luiza no Galeão, antes do embarque para Dallas:


Agora vejam o que nos esperava no desembarque, após dez horas de vôo na classe econômica! (no embarque, estávamos em três diferentes carros, e contando com os ombros fortes e amigos dos nossos primos amados e do meu sogro, também amado). Na chegada ... apenas um shuttle de ônibus para as locadoras de carro... Já era um presságio do choque de vida real que nos aguardava!!!


Pois é... apesar de parecer bastante coisa, dá para imaginar três vidas recomeçando do "quase" zero, apenas com as malinhas que aparecem na imagem??? Isso significa bem mais do que apenas sentir-se (e ser) estrangeiro. Bem mais do que estar longe de casa e dos que nos são caros.
Foi um exercício de desapego e tanto! E segue sendo, pois aqui não temos as facilidades que tínhamos no Brasil.
Mas isso é um capítulo à parte, que merece ser tratado com zelo e tempo para descrição dos pormenores, que prefiro chamar de cômicos, para não dizer trágicos!!!

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Continuação sobre o primeiro dia de aula da Luiza

Sabem qual foi a primeira frase que escutei quando busquei a Luiza às 15h?
- Mãe, estou louca que chegue amanhã para eu voltar à escola."
Sabem quantas vezes eu ouvi isso durante seus mais de quatro anos de Anchieta? NUNCA!
Parece que um bálsamo me envolveu, me dando a certeza de que tudo está no rumo certo.
Ela está realmente feliz! E isso deixa a mim e ao Rafael, plenos de alegria, de que fizemos o que deveria ser feito.

Apesar de não falar a língua, a Luiza se comunicou, a ponto de fazer duas grandes amigas, como ela mesma definiu. Uma das meninas se chama Karla, é portorriquenha e filha da coordenadora da cantina. Ela socorre a Luiza falando em espanhol e fica muito feliz em poder ajudar. A outra menina se chama Lilly, nasceu no Texas e é uma típica americana: ruivinha, graciosa, e adora nos explicar sobre o que pode e o que não se pode fazer... ela é extremamente séria e segura de si. Dá gosto de ver!
Bem, hoje não tem tempestade, nem insegurança quanto ao dia diferente que virá. Tenho certeza de que a noite será bem mais tranquila!

Primeiro dia de escola da Luiza

Após uma noite de tempestade, com ventos de mais de 100 Km/h que apenas aumentavam a nossa ansiedade e diminuiam o sono de todos, acordamos cedo para o primeiro dia da Luiza na Boals Elementary School.
Fomos de carro, tendo em vista ser o primeiro dia (para os dias habituais, iremos de bicicleta!). Ela estava bem mais tranquila do que eu...
Chegando lá, fomos recebidas na secretaria, e imediatamente encaminhadas à sala de aula, com muitos votos de welcome!
A professora se chama Miss Allison Furnas, e de imediato me forneceu seu celular e seu e-mail.
Percebi que os colegas observavam a Luiza curiosos... Não demorei muito por lá, para não constrangê-la, e também para passar confiança (conselho da minha irmã Patricia, que considerei bastante válido).
Bem, passei a manhã toda organizando as coisas na casa (o que parece não ter fim). Ao meio dia fui almoçar com a Lu na cantina da escola.
Confesso que estava bastante ansiosa, imaginando que ela estaria sentadinha em um canto, sozinha e com carinha de triste. Mas qual não foi a minha surpresa: a Luiza chegou à cantina risonha e acompanhada de duas meninas. Pareciam estar se entendendo perfeitamente, mesmo sem o uso do inglês.
Ao contrário do Brasil, a presença dos pais na escola não é considerada um 'mico'. Fiquei extremanente lisongeada ao ser recebida com o maior sorriso pelas novas amigas, as quais me estenderam a mão, dizendo: "nice to meet you, Miss Carla". As crianças aqui são muito bem educadas!
Incrível como me senti querida ali, no meio deles. Se de início pensei estar 'sobrando', tenho que admitir que ao almoçar em meio a três meninas e dois meninos, todos querendo ensinar a mim e a Lu acerca das regras do local, não tive muita vontade de ir embora.
Logo a professora e a chefe da cantina orientaram-nos acerca do sistema de conta mensal, menu, etc. A Luiza almoçará ao custo de U$ 2,10 ao dia. Sempre que eu quiser, posso acompanhá-la, pagando U$ 2,85. E olha que a comida era bem gostosinha, com duas opções - macarrão com molho vermelho, legumes e purê de batatas, ou crisps de frango com pão de batata e salada. Acompanha uma pequena sobremesa, que não deu tempo de experimentar, pois o horário do almoço é cronometrado e passa rápido e, pasmem, uma caixinha de leite para beber, o que não achei muito digestivo...
Bem, terminado o tempo do 'lunch', e com a autorização da professora, cada mesa levanta, leva sua bandeja, e forma uma fila para dirigir-se ao pátio, e ter 30 minutos de recreio!
Nem vi a Luiza ir embora... fiquei ali, meio atrapalhada, pensando se eu teria que formar fila ou não!!!!
Resolvi tomar meu rumo e voltei pra casa, de bicicleta, não antes sem errar o caminho, e dar uma volta bem maior, o que, confesso, não foi de todo ruim, pois o dia está lindo. Às 15:00h voltarei para busca-la, e então saberei mais detalhes deste primeiro dia de aula!

domingo, 10 de abril de 2011

O motivo

De início, eu rechacei a idéia de escrever sobre a nossa aventura em um blog. Achei um pouco pretensioso por um lado, e uma exposição demasiada por outro. No entanto, ao perceber que, passados exatos dez dias desde a nossa chegada nos Eua, eu ainda não consegui ler, tampouco responder aos e-mails carinhosos dos familiares e amigos que nos acompanham e que esperam por notícias, rendi-me à tecnologia...
Espero que sejam caridosos na leitura. Que perdoem meus erros gráficos e literários, e que dêem um desconto aos periodos de exacerbada emotividade.
Espero de alguma forma ficar mais perto de vocês!