Não falei mais dos coelhos... Bem mais crescidos, eles passavam fugindo da caixinha durante a noite, o que transformava a nossa vida em uma corrida atrás deles quando acordávamos. Herdei vários arranhões e hematomas por conta dos encontrões nos móveis que levei. É incrível o quão rápido eles são! Nem a Salette escapou do exercício, e passou a madrugada da Páscoa numa verdadeira caça aos bunnies. Diante da nova realidade, o Rafa e a Luiza montaram uma cerquinha no nosso jardim dos fundos, e lá os colocamos. Eles amaram comer a grama!!! Ficaram bem mais felizes na nova morada.
Deixamos a caixinha do cachorro que veio com eles pra que se abrigassem do frio à noite, e roubei a capa do grill do Rafa pra protegê-los das águias e dos falcões (conselho do filho do vizinho), o que não deixou o Rafa muito satisfeito, mas ele acabou por resignar-se em prol da segurança dos bichinhos.
Como os coelhos crescem muito rápido, aos poucos vamos preparando a Luiza para o fato de que em breve eles seguirão o caminho deles, e que assim tem que ser, pois é uma condição dos animais selvagens.
E não é que no sábado, neste clima de 'deixar ir', percebemos uma movimentação estranha na grama do jardim... uma coelha fez uma toca e ali deixou três novos coelhinhos recém nascidos!!!
Foi uma festa! Vimos a coelha amamentando-os, e ficamos impressionados com o enorme esforço que ela deve ter feito pra organizar o seu novo lar. Fez um trabalho incrível por lá... e o Rafa foi impedido de cortar a grama para não importunar a nova família.
Bem, passei a alimentar também a coelha mãe.. Acho que sou a maior compradora de cenouras do supermercado!
Pois é, tudo ia na maior normalidade, até ontem, domingo. Após o meio dia, fui espiar os coelhos no cercadinho, e vi um deles deitado, bem molinho... estava desmaiado, quase morto, com o corpo gelado. Não sabemos se foi hipotermia devido a queda de temperatura que ocorreu, ou se foi algum tipo de doença... Só sei que aquecemos o bichinho, empurramos algumas gotas de leite goela abaixo, trouxemos os três pra dentro de casa novamente... Passamos a tarde envolvidos com o tratamento daquele que sempre foi o mais lendo, o mais difícil de amamentar, ou seja, o que já nasceu desobedecendo a lei do mais forte.
Ao final do dia ele já estava mamando com vontade, e não parecia mais o coelhinho apático de antes. Chegamos a comemorar a conquista!
Duas horas mais tarde, encontrei o pequeninho morto na caixinha. Foi um choque... ficamos incrédulos...
Quanto à Luiza, nem preciso comentar... reviveu a sensação de perda, chorou muito. Eu fiquei realmente chateada, e agradeci a Deus por ter o Rafael ao meu lado, que segurou as nossas pontas.
Com o sentimento de que basta estar vivo para morrer, terminamos o domingo bem mais fragilizados, nos sentindo bem mais impotentes, e valorizando mais e mais cada minuto que nos é dado.
Os dois irmãos seguem aqui dentro de casa agora, enquanto o frio não passa. Eles ficaram muito assustados com o ocorrido, tanto que nem fugiram à noite!
A Luiza entendeu e elaborou a morte do mais fraquinho. Hoje pela manhã ela a descreveu como uma "renovação". Quando a questionei sobre o que me disse, ela explicou que agora aquele que era doentinho não tem mais frio, nem dor, e que encontrou a mãe dele no céu. Ela complementou dizendo que, quanto a nós, recebemos uma nova família no jardim, renovando assim os sentimentos e acabando de vez com a tristeza.
A segunda-feira passou, os dois coelhinhos sobreviventes estão bem comilões e sapecas novamente, e nós retomamos a rotina normalmente.
Nada como a sabedoria infantil que nos ensina a levantar, sacodir a poeira e dar a volta por cima, não é?
Carlota!preciso consignar que fiquei muito emocionada com a narrativa deste domingo de Páscoa!tem coisas,amiga,que tenho certeza que basta uma palavra ou gesto para saberes do que estou falando!pois, infelizmente, passamos ambas por um mesmo momento difícil pelo qual eu jamais imaginei que passariamos tão cedo, e desde então fiquei muito mais emotiva,pois, alem de sentir que minha vida jamais será a mesma, meus sentimentos são muito mais profundos e afloram com muito mais facilidade e preciso concordar contigo que hoje, só o sorriso e a "sabedoria"das crianças e que são capazes de contornar as tristezas e nos alegrar e levantar em momentos difíceis!beijo no coração de vocês todos!e vamos combinar que,não obstante o triste incidente, os coelhos se multiplicaram e só vocês mesmo para terem uma Páscoa legitima,COM COELHOS!!!karin
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