segunda-feira, 16 de maio de 2011

Rachel's Challenge

Vocês lembram do massacre ocorrido em 20 de abril de 1999 em uma escola americana, onde dois alunos munidos de armas e explosivos mataram 12 colegas?

Eu já não tinha mais a história tão presente na memória. Lembrava vagamente do ocorrido. No entanto, descobri que aqui nos Eua esta terrível lembrança ainda faz parte da vida das pessoas. 
Através da escola da Luiza, fomos informados de que haveria um evento chamado Rachel's Challenge, no Pizza Hut Park. Abaixo a Luiza e o Rafa na entrada do estádio!!!



Rachel foi a primeira vítima dos dois executores do massacre ocorrido na cafeteria da Columbine High School. Dizem os relatos que, após sofrer o primeiro tiro, um dos rapazes perguntou a Rachel se ela negaria o nome de Jesus em troca de clemência. Diante da pronta negativa, eles teriam então dispsrado o segundo tiro - agora fatal - diretamente em sua cabeça.

Além de Rachel, mais dez colegas e um professor foram mortos. Após a tragédia, os dois alunos autores do massacre cometeram suicídio. Dezenas de pessoas ficaram feridas física e emocionalmente. Um destes sobreviventes foi o irmão de Rachel, que a tudo assistiu, inclusive a execução da irmã.

Hoje, o pai e o irmão de Rachel possuem uma organização que atua nas escolas de todos os Estados Unidos, de parte da Europa e da América Latina.

O trabalho deles consiste em levar o "Desafio de Rachel" à conscientização dos jovens sobre a importância da gentileza, do respeito e da aceitação para o bom funcionamento das relações humanas.

Através de estudantes voluntários que são treinados pessoalmente pelo pai de Rachel, são instituídos programas para melhorar as relações entre os jovens, numa atmosfera de cooperação mútua, no afã de afastar por completo o bulling nas escolas, o que, acredita-se, ter sido o causador da revolta dos jovens que os levou à tamanha barbárie.

Paralelo a isso, eles divulgam o movimento através de um "rallye" que viaja por todo o país fazendo as devidas e merecidas apresentações à causa.

Nesta que fomos, participaram as escolas elementares de todo o norte da região de Dallas. Cada escola carregava imensos colares feitos em papel, simbolizando os elos que, unidos, dão o devido significado e força ao movimento.

Abaixo a Luiza entrando no estádio, orgulhosamente fazendo a parte dela:




O telão mostrava os alunos que estavam, naquele momento, entrando no estádio.



Foi uma festa e tanto! Muito mais uma celebração à vida que existe e que ainda existirá, do que um choro sobre o leite que infelizmente foi derramado.


A Lu se destaca em vermelho não apenas por ser colorada (brincadeira!), mas porque as camisetas tinham sido vendidas dias antes de chegarmos aos Eua. Não sei ainda se ela ou eu fomos avisadas sobre a cor azul. Possivelmente tenhamos sido mas não entendemos, o que tem sido bastante comum na nossa rotina, nos fazendo exercitar a nossa paciência conosco mesmas!.

No entanto, a cor oposta ao movimento não impediu que a Luiza participasse e se integrasse a todos os demais estudantes naquele estádio. Ela foi respeitada e aceita mesmo sendo diferente. Acho que esse era mesmo o espírito da noite!!!

Foi um verdadeiro show!!! Show de civilidade, de competência e de amor. Houve momentos tristes, lembrando do episódio, mas houve mais momentos bacanas e realmente divertidos. Vídeos mostraram o trabalho sendo realizado nas escolas, depoimentos de alunos que se integraram à causa, shows de cheerleaders, palestra do pai e do irmão da Rachel, e até mesmo a presença do prefeito de Frisco, abrilhantaram a noite.

Naquele momento eu agradeci muito por estar ali, e principalmente pela Luiza estar tendo a oportunidade de aprender sobre tudo isso.

Torço para que novos ventos soprem e para que episódios como esse - que infelizmente se repetiu no Brasil recentemente - não voltem a ocorrer.

Que este movimento tome forma e que se alastre pelo mundo. Que nossas crianças sejam ensinadas também em casa sobre como se comportar, sobre o certo e o errado. Que elas saibam que não é certo ridicularizar um colega, por mais banal que isso possa parecer. E que elas aprendam isso com seus pais, em casa, onde deve estar a base da educação.

Que os futuros pais e mães tenham a consciência de que, a partir do nascimento de seus filhos, terão de repensar dezenas de vezes as suas ações. Que TUDO o que elas fizerem ou se omitirem servirá de exemplo e será repetido pelos filhos. Que uma simples mentirinha 'branca' poderá servir de álibi para que seu filho justifique as suas primeiras transgressões. Que não basta criar, tem que educar. Que educar é tarefa árdua de todos os dias, e que isso implica em deixar de lado os próprios projetos, os próprios desejos, os próprios caprichos. Que educar sem amor toma a forma de castigo. Que é preciso dosar, não perder o bom senso e nem a fé. E que se isso acontecer, que seja só por um segundo, trancado no escuro no fundo do banheiro, para que as suas frustrações e desejos não sejam despejados em cima de seus filhos. 

Pra quem quiser saber um pouco mais sobre o Rachel's Challenge, sugiro o link http://www.youtube.com/watch?v=-rmm_-gnU3Y&feature=related

Festa dos anos 50!

Há alguns dias fomos na festa Anos 50, organizada na escola da Lu!
Olhem que graça as meninas na foto abaixo! Estavam todas caracterizadas com algo que lembrasse a época. Nós improvisamos com o que tínhamos, e a Lu não ficou pra trás!




As brincadeiras giravam em torno dos bambolês, das danças e da música. Tudo muito divertido.

Tinha cachorro quente, doritos, um tipo de peru assado, refrigerante e algodão doce!!!! Aproveitamos bastante!





domingo, 8 de maio de 2011

Feliz dia das Mães!!!!

Aqui nos Eua também estamos comemorando o Dia das Mães. Que bom que esta data é universal... Não digo isso apenas por preencher o requisito de já ter parido, e assim me colocar na condição especial de ser mimada neste dia... e olha que realmente fui! Mas pelo fato de que as mães ocuparam e ocupam um lugar especial na história, e de alguma forma ou outra, influenciam o curso da vida.

Seja na mitologia grega através da Jocasta, que nos ensinou sobre  o complexo de Édipo, seja pelo exemplo da Maria, mãe de Jesus, um modelo que nossa cultura segue de sempre proteger a sua cria, mesmo que esta já tenha chegado aos 33 anos de idade... Seja a mãe italiana, a judia, a muçulmana ou a norte americana com suas pencas de filhos.. Com maior ou menor poder na sua casta, todas exercem imensa influência, não se pode negar.

A verdade é que, seja preto ou branco, velho ou moço, importante ou não, todos um dia tiveram mãe.
Até mesmo o Osama Bin Laden teve, coitada...

Recentemente tive o exemplo vivo sobre a falta de uma mãe para as suas crias: os coelhinhos que estamos criando não têm a mesma vida livre cheia de diversão e oportunidades nos campos que os demais usualmente possuem, pois não têm a mãe por perto que os proteja nestas aventuras.

A verdade é que mãe, na medida certa, faz muito bem obrigada.

Ela acaba se tornando pejudicial quando extrapola a dose, quando resolve exceder os deveres e direitos sobre a sua criação, não deixando que o filho crie asas e alce o seu vôo.

Por isso, aqui vai a transcrição de um texto que acabei de receber de uma grande amiga, falando com propriedade sobre isso.

Aproveito e deixo a minha homenagem as todas as mães, em especial à minha, que segura a onda da saudade todos os dias, já que tem duas filhas e todos os netos longe!

MÃE DESNECESSÁRIA
(Márcia Nader)
A boa mãe é aquela que vai se tornando desnecessária com o passar do tempo. Várias vezes ouvi de uma amigo psicanalista essa frase, e ela sempre me soou estranha, até agora. Agora que a minha filha adolescente, aos quase 18 anos, começa a dar voos-solo. Chegou a hora de reprimir de vez o impulso natural materno de querer colocar a cria embaixo da asa, protegida de todos os erros, tristezas e perigos. Uma batalha interna hercúlea, confesso. Quando começo a esmorecer na luta para controlar a super-mãe, que todas temos dentro de nós, lembro logo da frase, hoje absolutamente clara. Se eu fiz o meu trabalho direito, tenho que me tornar desnecessária.
Antes que alguma mãe apressada venha me acusar de desamor, preciso explicar o que isso significa. Ser desnecessária é não deixar que o amor incondicional de mãe, que sempre existirá, provoque vício e dependência nos filhos, como uma droga, a ponto de eles não conseguirem ser autônomos, confiantes e independentes.
Prontos para traçar seu rumo, fazer suas escolhas, superar suas frustrações e cometer os próprios erros. A cada fase da vida, vamos cortando e refazendo o cordão umbilical. A cada nova fase, uma nova perda e um novo ganho para os dois lados, mãe e filho. Porque o amor é um processo de libertação permanente e esse vínculo não para de se transformar ao longo da vida, até o dia em que os filhos se tornam adultos, constituem a própria família e recomeça o ciclo. O que eles precisam é ter certeza de que estamos lá, firmes, na concordância e na divergência, no sucesso ou no fracasso, com o peito aberto para o aconchego, o abraço apertado, o conforto nas horas difíceis. Pai e mãe solidários criam os filhos para serem livres. Esse é o maior desafio e a principal missão. Ao aprendermos a ser desnecessários, nos transformamos em porto seguro para quando eles decidirem atracar.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

É da vida...

Não falei mais dos coelhos... Bem mais crescidos, eles passavam fugindo da caixinha durante a noite, o que transformava a nossa vida em uma corrida atrás deles quando acordávamos. Herdei vários arranhões e hematomas por conta dos encontrões nos móveis que levei. É incrível o quão rápido eles são! Nem a Salette escapou do exercício, e passou a madrugada da Páscoa numa verdadeira caça aos bunnies. Diante da nova realidade, o Rafa e a Luiza montaram uma cerquinha no nosso jardim dos fundos, e lá os colocamos. Eles amaram comer a grama!!! Ficaram bem mais felizes na nova morada.

Deixamos a caixinha do cachorro que veio com eles pra que se abrigassem do frio à noite, e roubei a capa do grill do Rafa pra protegê-los das águias e dos falcões (conselho do filho do vizinho), o que não deixou o Rafa muito satisfeito, mas ele acabou por resignar-se em prol da segurança dos bichinhos.

Como os coelhos crescem muito rápido, aos poucos vamos preparando a Luiza para o fato de que em breve eles seguirão o caminho deles, e que assim tem que ser, pois é uma condição dos animais selvagens.

E não é que no sábado, neste clima de 'deixar ir', percebemos uma movimentação estranha na grama do jardim... uma coelha fez uma toca e ali deixou três novos coelhinhos recém nascidos!!!

Foi uma festa! Vimos a coelha amamentando-os, e ficamos impressionados com o enorme esforço que ela deve ter feito pra organizar o seu novo lar. Fez um trabalho incrível por lá... e o Rafa foi impedido de cortar a grama para não importunar a nova família.

Bem, passei a alimentar também a coelha mãe.. Acho que sou a maior compradora de cenouras do supermercado!

Pois é, tudo ia na maior normalidade, até ontem, domingo. Após o meio dia, fui espiar os coelhos no cercadinho, e vi um deles deitado, bem molinho... estava desmaiado, quase morto, com o corpo gelado. Não sabemos se foi hipotermia devido a queda de temperatura que ocorreu, ou se foi algum tipo de doença... Só sei que aquecemos o bichinho, empurramos algumas gotas de leite goela abaixo, trouxemos os três pra dentro de casa novamente... Passamos a tarde envolvidos com o tratamento daquele que sempre foi o mais lendo, o mais difícil de amamentar, ou seja, o que já nasceu desobedecendo a lei do mais forte.

Ao final do dia ele já estava mamando com vontade, e não parecia mais o coelhinho apático de antes. Chegamos a comemorar a conquista!

Duas horas mais tarde, encontrei o pequeninho morto na caixinha. Foi um choque... ficamos incrédulos...
Quanto à Luiza, nem preciso comentar... reviveu a sensação de perda, chorou muito. Eu fiquei realmente chateada, e agradeci a Deus por ter o Rafael ao meu lado, que segurou as nossas pontas.
Com o sentimento de que basta estar vivo para morrer, terminamos o domingo bem mais fragilizados, nos sentindo bem mais impotentes, e valorizando mais e mais cada minuto que nos é dado.

Os dois irmãos seguem aqui dentro de casa agora, enquanto o frio não passa. Eles ficaram muito assustados com o ocorrido, tanto que nem fugiram à noite!

A Luiza entendeu e elaborou a morte do mais fraquinho. Hoje pela manhã ela a descreveu como uma "renovação". Quando a questionei sobre o que me disse, ela explicou que agora aquele que era doentinho não tem mais frio, nem dor, e que encontrou a mãe dele no céu. Ela complementou dizendo que, quanto a nós, recebemos uma nova família no jardim, renovando assim os sentimentos  e acabando de vez com a tristeza.

A segunda-feira passou, os dois coelhinhos sobreviventes estão bem comilões e sapecas novamente, e nós retomamos a rotina normalmente.

Nada como a sabedoria infantil que nos ensina a levantar, sacodir a poeira e dar a volta por cima, não é?